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Governança Corporativa: um pilar para a sustentabilidade e confiabilidade das organizações

  • Writer: Clilson Filippetti
    Clilson Filippetti
  • Mar 13
  • 5 min read

Texto publicado na Revista RI - março 2025



A adoção de estruturas robustas de governança corporativa, compliance, gestão de riscos e conselhos administrativos e fiscais não apenas fortalece as organizações internamente, mas também eleva sua imagem perante investidores, consumidores e a sociedade.

Em um contexto onde fraudes e escândalos empresariais afetam diretamente o valor de mercado e a confiança pública, a governança se torna um escudo contra práticas nocivas, uma base ética que deve ser mantida e difundida por todos os colaboradores.


Casos que Mercaram o Mercado


Para ilustrar os impactos das falhas em governança e controles internos, vejamos alguns exemplos que, infelizmente, tornaram-se referência de como a falta de princípios éticos e de gestão de riscos pode levar empresas promissoras ao declínio.

Caso Americanas: A gigante do varejo brasileiro perdeu mais de R$ 40 bilhões devido a falhas na governança e controles financeiros, o que resultou em prejuízos profundos para sua imagem e credibilidade.


Enron Corporation: A empresa americana se envolveu em manobras contábeis para ocultar dívidas, resultando em uma perda de mais de US$ 70 bilhões. A Enron não só caiu, como levou a Arthur Andersen, sua auditora, à ruína, sendo um dos maiores escândalos contábeis do início dos anos 2000.


OLX Petróleo: No Brasil, a empresa de Eike Batista chegou a captar bilhões, mas foi incapaz de cumprir promessas de produção, deixando dívidas vultuosas e gerando uma série de ações judiciais devido a informações privilegiadas e manipulação de mercado.

Petrobrás: Ficou por anos nas manchetes por escândalos frequentes na investigação da operação Lava Jato onde aos controles internos, registros contábeis e demonstrações financeiras estavam incongruentes manipulados pelos seus diretores ocasionando prejuízo e multa e indenizações milionárias aqui no Brasil como nos EUA apurado pelo departamento de Justiça e Comissão de Valores Mobiliários americano.


Também relacionados ao impacto climático provocado por suas atividades, a Petrobras e suas subsidiárias foram excluídas por 27 bancos e empresas investidoras.


Vale: Por envolvimento em diversos escândalos por consequência do rompimento das barragens de Brumadinho em 2019 e Mariana em 2015 causando centenas de vítimas. A Vale recebe muitas críticas de entidades do Meio Ambiente pelos impactos de suas atividades na Amazônia, opera a mina de Carajás a maior mina de ferro a céu aberto do mundo. A mineradora é a segunda do mundo em número de exclusões devido a casos de desrespeito aos direitos humanos. 


JBS: A JBS do empresário Joesley Batista, um dos controladores da holding J&F com vários negócios espalhados pelo mundo. Considerada uma das maiores do segmento proteína animal, acumula também o título de pior reputação com 65 menções em listas de exclusão sendo a número um do mundo em boicotes por bancos, fundos de pensão e investidores em razão de más práticas comerciais, como corrupção, evasão fiscal, crimes financeiros, fraude e suborno. 


A gestora de ativos dinamarquesa Sparinvest, por exemplo, excluiu a JBS de seus contratos por provocar danos ao meio ambiente relacionados ao impacto climático provocado por suas atividades.


Petrobras, Vale e JBS chegaram a ostentar o título das três Cia. brasileiras mais rejeitadas por investidores na ocasião dos escândalos. A plataforma Financial Exclusions Tracker compilou em um só lugar dados das chamadas “lista de exclusão” publicadas por bancos, fundos de pensão e gestoras de ativos de várias partes do planeta – ou seja, foram bloqueadas por investidores em razão de práticas prejudiciais ao meio ambiente, direitos humanos, ao próprio ambiente de negócios e por casos de corrupção.


Estes são apenas alguns dos casos que mostram que, mesmo em organizações onde conselhos e protocolos de governança existiam, falhas sistêmicas permitiram desvios graves. E, segundo uma pesquisa da Association of Certified Fraud Examiners (ACFE), mais de 87% dos transgressores de fraudes nas empresas não tinham histórico criminal, o que evidencia que a má conduta não é exclusividade de “criminosos habituais”.


Além disso, o levantamento da EY com executivos revela que 42% admitiram que poderiam justificar comportamentos antiéticos para atingir metas financeiras, mostrando que o lucro de curto prazo pode incentivar práticas questionáveis.


A Importância da Governança Corporativa


Governança corporativa não é um luxo, mas uma necessidade fundamental que impacta diretamente a sustentabilidade, confiança e perenidade de uma empresa. As boas práticas de governança corporativa trazem vantagens competitivas, como:

Transparência: Aumenta a confiança entre investidores, consumidores e parceiros ao disponibilizar informações relevantes e verídicas.


Equidade: Respeito e tratamento justo para com todos, incluindo sócios e stakeholders, prevenindo práticas como assédio e discriminação.


Accountability: Exige que todos prestem contas de suas ações, reforçando a responsabilidade e as consequências de decisões corporativas.


Sustentabilidade: Garante a viabilidade econômica e ambiental da organização, fortalecendo sua contribuição para a sociedade e o ambiente.

Esses princípios formam o alicerce de uma governança eficaz e permeiam as decisões estratégicas, desde a formação do conselho até as práticas de gestão de risco e compliance.


Riscos e a Jornada da Governança


A implementação de governança corporativa é uma jornada contínua e de longo prazo. O fortalecimento do Conselho de Administração/Consultivo, auditorias independentes e comitês fiscalizadores permite uma supervisão rigorosa, minimizando riscos e assegurando que a cultura ética e os valores da empresa se perpetuem. A criação de comitês especializados em gestão de riscos, além de auditorias internas e externas, reforça o cumprimento de normas e mitiga potenciais falhas.


Conforme estudos da KPMG, o acompanhamento e a gestão de riscos de forma contínua permitem antecipar problemas e, ao mesmo tempo, promovem uma conduta ética sólida, gerando mais transparência e previsibilidade nas operações.


Governança: Valor Econômico e Intangível


O custo de implementação de governança corporativa pode ser elevado, mas o retorno financeiro e reputacional é ainda maior. Governança eficaz facilita o acesso a capital, melhora as condições de negociação com parceiros, e fortalece a marca, além de garantir perenidade e segurança para os acionistas e demais stakeholders.

Como sintetiza uma frase amplamente reconhecida: “Implementar governança custa caro, mas não ter governança custa muito mais.”


Em resumo, organizações que investem em uma cultura de governança estão melhor preparadas para enfrentar crises e aproveitam oportunidades com mais segurança. Elas promovem um ambiente que gera valor para todos os envolvidos e contribui para uma economia mais justa e sustentável. Ao adotar esses princípios, as empresas asseguram que o sucesso seja duradouro e não apenas um lucro passageiro, mantendo-se como referência ética para o mercado e para a sociedade.


A importância do ESG frente ao Mercado de Capitais


De acordo com o levantamento do Financial Exclusions Tracker, as mudanças climáticas e catástrofes ambientais estão entre as principais preocupações das instituições financeiras, dado o potencial de impacto severo na estabilidade de investimentos e operações. Essas questões têm impulsionado o mercado de capitais a valorizar ainda mais os princípios de ESG, destacando práticas sustentáveis como diferenciais competitivos e instrumentos de mitigação de risco. Exemplos como os rompimentos de barragens em Brumadinho e Mariana ilustram a relevância de uma gestão de riscos robusta. Empresas com governança sólida, forte compliance e compromisso ambiental tendem a receber melhores avaliações, atraindo investimentos de longo prazo e criando valor sustentável tanto para si quanto para seus acionistas.


 
 
 

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